Quem nunca se sentiu incomodado com algum ruído que
atrapalhou a sua vida, sossego, trabalho e sono? Para além do incômodo
em si, é preciso começar a trabalhar o assunto diante de sua perspectiva
mais importante: poluição sonora é uma questão de saúde pública!
Segundo a Associação Brasileira para Qualidade Acústica
(ProAcústica), a poluição sonora é o conjunto de todos os ruídos
provenientes de inúmeras fontes sonoras, tais como meios de transporte,
atividades de lazer, de obras, indústria, etc. Trata-se de uma sobreposição
de sons indesejáveis que provocam perturbação. Além dos danos à
audição causados pelo ruído, como a perda auditiva e o zumbido, existem
também os efeitos extra auditivos, tais como perturbação e desconforto,
prejuízo cognitivo (principalmente em crianças) e, potencialmente,
doenças cardiovasculares.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também reconhece que
o incômodo causado por ruídos vai muito além de situações que geram
perda auditiva. Ainda que os níveis sonoros não sejam potencialmente
prejudiciais à capacidade auditiva, a poluição sonora pode causar outros
transtornos tão graves quanto, em razão, entre outros, do estresse
causado pelo ruído.
A interferência auditiva causada por fontes sonoras tem potencial
de impactar o sono, a concentração e o sossego das pessoas, com
consequências de curto e longo prazo para a vida cotidiana e a saúde.
Dentre os problemas causados aos seres humanos, é possível destacar:
estresse, depressão, insônia, distúrbios do sono, agressividade, perda de
atenção, dor de cabeça, cansaço, zumbido, perda de audição temporária
ou permanente. No caso das crianças, o impacto pode ser muito maior e
atingir o desenvolvimento saudável. Essas informações são respaldadas,
inclusive, em estudos feitos pela Organização das Nações Unidas (ONU),
que apontaram que a poluição sonora nos centros urbanos pode causar
doenças cardíacas e diversos distúrbios mentais.
A poluição sonora também tem potencial de gravidade maior
quando atinge pessoas autistas ou portadoras de outros distúrbios de
neurodesenvolvimento, em razão da maior sensibilidade aos ruídos.
Da mesma forma, não apenas os humanos são afetados pela poluição
sonora. Os animais podem ficar estressados, desenvolver distúrbios e
mudarem o comportamento em razão da poluição sonora.
Tratar a poluição sonora como questão de saúde pública é
reconhecer que ao produzir um ruído que incomode terceiros, o emissor
deve estar ciente que não está causando um simples incômodo, mas sim
atingido a saúde de um cidadão. Cobrar do emissor do ruído e do Poder
Público uma atuação eficaz para controle, redução e, quando possível,
contenção definitiva do ruído é atuar diretamente na diminuição da causa de diversos problemas de saúde que atingem a população
Da mesma forma, é importante que estabelecimento que exerçam
atividades com potencial de emissão de ruídos, em especial seus
proprietários, gestores e usuários, se conscientizem sobre o impacto que
podem gerar ao entorno e, a partir disso, adotem medidas efetivas para
redução da incomodidade, como, por exemplo, a instalação de barreiras
acústicas ou a redução da potência sonora. Por mais positiva e legítima
que seja a atividade desenvolvida, gerando empregos e pagando
impostos, isso não pode ser utilizado como argumento para afastar o
bom senso e a necessidade de respeitar o outro.